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Mostrando postagens de junho, 2024

Umbral

  1.   Está tudo muito escuro, não vejo nem a ponta do meu nariz, mas mesmo assim vou andando adiante. 2. Não muito longe, começo a ver luzes bastante foscas, não dando ainda pra perceber o que está à minha volta. 3. Espere, agora braços agitados parecem sair do chão, é por demais assustador. 4. Eles tentam me agarrar, mas não conseguem, porque eu sou um espírito como eles. 5. Diferente dos mundos que visitei nas minhas viagens crepusculares, aqui, eles conseguem me ver, só que ninguém consegue tocar no outro. 6. Deste modo, vou passando entre todos eles, em busca de uma luz mais forte que se aproxima. 7. Três silhuetas de luzes se desenham, ou seja, dois homens e uma mulher, e são também seres de corpo etéreo, como eu. 8. Por telepatia, eles me estão mandando a seguinte mensagem: Companheiro, você não é daqui e, se veio em paz, fique à vontade. 9. Apesar de todo sofrimento ao meu redor, ou seja, gritos alucinantes, gemidos sufocantes e choros latejantes, eu me

Joana

  São 17:30, meus netos estão quicando uma bola, que ganharam do pai, e minha mulher se prepara para levá-los até a rua,  eles gostam de brincar, justamente,  nesta hora em que estou entrando no  momento  crepuscular.  Depois que eles saíram, o apartamento ficou submerso num lago tranquilo, e, quanto a mim, estou entrando numa cidade muito antiga,  pessoas apressadas, falando um inglês arcaico, estão indo em direção à uma praça, cheia de gente em torno de um patíbulo,  onde uma mulher muito jovem, amarrada numa haste, está sendo preparada pra morrer queimada.  Sua armadura de guerra mostra que ela é uma guerreira, não pode ser, tudo indica ser Joana D’Arc, capturada pelos ingleses, julgada e condenada por bruxaria.  Então, agora, os homens estão ateando fogo nos gravetos à sua volta, que silenciosa e altaneira, começa a sofrer o suplício das chamas lambendo e devorando o seu corpo.  Enquanto isso, a multidão grita sem parar, meu Deus, estou presenciando este triste momento.  No cadafal