Joana
São 17:30, meus netos estão quicando uma bola, que ganharam do pai, e minha mulher se prepara para levá-los até a rua, eles gostam de brincar, justamente, nesta hora em que estou entrando no momento crepuscular. Depois que eles saíram, o apartamento ficou submerso num lago tranquilo, e, quanto a mim, estou entrando numa cidade muito antiga, pessoas apressadas, falando um inglês arcaico, estão indo em direção à uma praça, cheia de gente em torno de um patíbulo, onde uma mulher muito jovem, amarrada numa haste, está sendo preparada pra morrer queimada. Sua armadura de guerra mostra que ela é uma guerreira, não pode ser, tudo indica ser Joana D’Arc, capturada pelos ingleses, julgada e condenada por bruxaria. Então, agora, os homens estão ateando fogo nos gravetos à sua volta, que silenciosa e altaneira, começa a sofrer o suplício das chamas lambendo e devorando o seu corpo. Enquanto isso, a multidão grita sem parar, meu Deus, estou presenciando este triste momento. No cadafalso, o fogo acabou, só estou vendo cinzas, e muita gente já se mandou pra casa.
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